quinta-feira, 1 de novembro de 2012



Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça… Ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”
Caio Fernando Abreu










A Cinderela já ensinou que um sapato pode mudar a vida de uma mulher.



— Quer saber o que dói mais?
— Sim.
— Ter que fingir que não ta doendo nada.

Lembra do que já fomos? Não precisa responder, eu sei que se lembra. Não tem como ter esquecido, não assim, tão rápido. Foram tantas madrugadas em claro, tantos assuntos esquisitos. Tantas brincadeiras, tantos sorrisos. Ainda me lembro da forma como me chamava e se eu fechar os olhos, eu consigo ouvir tua voz. Não sei como fomos nos perder no tempo. Não sei.

O problema não é perdoar, é confiar de novo.

Não corro mais atrás, parei de fazer planos, cansei de criar expectativas, e joguei as promessas fora. Se for pra ser, vai ser. E se não for pra ser, joga pro ar que o vento sabe o que faz.


- Depois que eu fui embora, você foi feliz?
Me recordei dos choros, sofrimentos, loucuras e aquela vontade de morrer por sentir falta. Mas apenas virei para ele com um sorriso de indiferença e disse:
- Muito, muito feliz.


Confesso que foi bom, me fez feliz, me fez sorrir, mas acabou. O prazo de validade venceu, a bondade acabou e a idiotice desapareceu. Quem ontem esperava um pedido de desculpas, hoje espera nem ver seu rosto. Foi bom, mas passou, acabou, e às vezes assim que deve ser.


Tentar, tentar e não conseguir. Persistir, persistir mas não ter. Chorar, chorar, mas sem ter a resolução dos problemas, gritar gritar e gritar, mas ninguém ouvir. As vezes a gente tenta demais, faz coisas demais, quando na verdade, devemos abrir mão, porque tem coisas que realmente não valem a pena.


É complicado quando a pessoa que você mais quer é a que você fica melhor sem.


Encheu o peito pra falar que ia embora e que não iria mais voltar, mas não gostou quando eu disse "vai com Deus"...